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Cirurgia de Câncer de Pele: Conheça as Técnicas e Indicações

O câncer de pele é o tipo de câncer mais incidente no Brasil e no mundo. Felizmente, quando diagnosticado e tratado precocemente, apresenta altas taxas de cura. A cirurgia oncológica destaca-se como a modalidade de tratamento mais frequentemente utilizada, sendo eficaz tanto para as formas mais brandas quanto para as mais agressivas da doença. A excisão cirúrgica é considerada o tratamento primário para os tipos mais comuns, como o carcinoma basocelular (CBC) e o carcinoma espinocelular (CEC), embora em situações específicas, como tumores avançados ou em pacientes com comorbidades que limitam a cirurgia, outras abordagens, como terapias medicamentosas (a exemplo do cemiplimabe), possam ser consideradas.  

Tipos Comuns de Câncer de Pele Tratados com Cirurgia

A abordagem cirúrgica varia consideravelmente dependendo das características do tumor. Os principais tipos de câncer de pele abordados cirurgicamente incluem :  

  • Carcinoma Basocelular (CBC): O tipo mais comum e menos agressivo. Geralmente cresce lentamente e raramente se espalha para outras partes do corpo. Frequentemente tratado com cirurgias menos invasivas.
  • Carcinoma Espinocelular (CEC): O segundo tipo mais comum. Também apresenta bom prognóstico quando detectado cedo, mas tem um potencial um pouco maior de crescimento e disseminação que o CBC. Muitas vezes tratado com técnicas cirúrgicas semelhantes às do CBC.
  • Melanoma: O tipo mais agressivo de câncer de pele. Embora menos comum que os carcinomas, tem maior capacidade de invadir tecidos próximos e se espalhar para outros órgãos (metástase). O tratamento cirúrgico do melanoma pode ser mais complexo e depende crucialmente do estágio da doença no momento do diagnóstico.

A escolha da técnica cirúrgica ideal leva em conta não apenas o tipo histológico do câncer, mas também seu tamanho, profundidade, localização no corpo e o estágio geral da doença.  

Principais Técnicas Cirúrgicas Utilizadas no Câncer de Pele

Existe um arsenal de técnicas cirúrgicas disponíveis, permitindo uma abordagem personalizada para cada caso. As mais comuns incluem:  

  • Excisão Simples: Consiste na remoção do tumor visível juntamente com uma margem de pele aparentemente normal ao redor, utilizando um bisturi. Essa margem de segurança visa garantir a remoção de células cancerígenas que possam ter se estendido microscopicamente. O procedimento é geralmente realizado sob anestesia local e resulta em uma cicatriz, cujo tamanho depende da extensão da lesão removida. É a técnica primária para muitos CBCs e CECs.  
  • Curetagem e Eletrodissecação: Utilizada principalmente para lesões pequenas e superficiais de CBC e CEC. O cirurgião utiliza uma cureta (instrumento em forma de colher) para raspar o tumor. Em seguida, um eletrocautério é usado para destruir as células cancerígenas remanescentes na base e nas bordas da lesão através de corrente elétrica.
  • Cirurgia a Laser: Emprega um feixe de laser de CO2 para vaporizar e remover as células tumorais. Pode ser uma opção interessante para lesões superficiais e em pacientes com distúrbios de coagulação, pois o laser tende a causar menos sangramento que o bisturi.
  • Cirurgia Micrográfica de Mohs: Considerada a técnica mais precisa e eficaz para certos tipos de câncer de pele, especialmente aqueles com bordas mal definidas, alto risco de recorrência, ou localizados em áreas onde a preservação máxima de tecido saudável é crucial (como pálpebras, nariz, orelhas, lábios, dedos). O procedimento envolve a remoção de camadas finas de pele, uma de cada vez. Cada camada é imediatamente examinada ao microscópio por um patologista enquanto o paciente aguarda. Se células cancerígenas forem encontradas nas margens, outra camada é removida exatamente naquele local e analisada. O processo se repete até que não haja mais evidência de câncer nas margens. Embora mais complexa, demorada e custosa, a Cirurgia de Mohs oferece as maiores taxas de cura e minimiza a remoção de pele sadia. A existência dessa variedade de técnicas demonstra uma preocupação crescente não apenas em curar o câncer, mas também em otimizar os resultados estéticos e funcionais pós-operatórios, adaptando o tratamento às necessidades individuais e à localização do tumor.  

Abordagens para Casos Específicos: Linfonodos e Melanoma Avançado

Em alguns casos, o câncer de pele pode se espalhar para além do local original. Nesses cenários, abordagens cirúrgicas adicionais podem ser necessárias :  

  • Cirurgia do Linfonodo (Linfadenectomia): Se houver suspeita clínica ou confirmação por exames de que o câncer se disseminou para os linfonodos (gânglios linfáticos) próximos ao tumor primário, esses linfonodos podem ser removidos cirurgicamente. O material retirado é então analisado por um patologista para confirmar a presença de metástases. A remoção de linfonodos pode levar a um efeito colateral a longo prazo chamado linfedema (inchaço causado pelo acúmulo de linfa), principalmente nos membros. O risco de linfedema é sempre cuidadosamente avaliado pela equipe médica antes da indicação da cirurgia.
  • Melanoma Avançado: Em situações raras e extremas de melanoma avançado, como um tumor profundo em um dedo da mão ou do pé, a amputação da extremidade afetada pode ser considerada. Para doença metastática (espalhada para órgãos distantes), a cirurgia pode ter um papel diferente. A Cirurgia de Controle, também chamada de cirurgia paliativa, pode ser realizada não com o objetivo de curar a doença, mas sim de controlar sintomas (como dor ou sangramento), retardar a progressão da metástase e melhorar a qualidade de vida do paciente. Isso ilustra como a cirurgia no câncer de pele se adapta ao estágio da doença, variando desde procedimentos curativos minimamente invasivos em fases iniciais até intervenções maiores focadas no controle da doença e bem-estar em fases avançadas.  

Preparação e Cuidados Pós-Operatórios: O Que Esperar

Antes de qualquer cirurgia oncológica, uma avaliação da saúde geral do paciente é realizada. Dependendo do tipo de procedimento planejado, podem existir protocolos específicos de preparação, que serão detalhadamente informados pela equipe médica.  

Os cuidados após a cirurgia variam amplamente. Procedimentos menores para carcinomas não melanoma, como excisões simples ou curetagens, muitas vezes são realizados em ambiente ambulatorial (clínica ou consultório), e o paciente pode retornar para casa no mesmo dia. Cirurgias mais complexas, como a de Mohs ou linfadenectomias, podem exigir um período de observação ou internação mais longo e cuidados específicos com o curativo e a cicatrização. Em todos os casos, o acompanhamento médico regular após a cirurgia é essencial para monitorar a recuperação, identificar precocemente qualquer sinal de recorrência e garantir o melhor resultado a longo prazo. A colaboração entre diferentes especialistas, incluindo cirurgiões, dermatologistas e oncologistas, é fundamental para o manejo ideal do paciente.